domingo, 26 de julho de 2009

Há dias assim



Há dias assim. As palavras não surgem com a cadência e o significado que gostaria que tivessem. Há dias assim. Tudo está no sítio errado. Tudo parece mal. Tudo é nada e nada é tudo. Há dias assim. É a palavra, é este gesto e o outro, é esta atitude e aquela, é o não saber estar, é tanta coisa. Há dias assim. Faço tristes quem não merece. Complico o que é fácil. Não sei fazer nada. Nada me sai bem. Há dias assim.

Esta pintura enquadrada na temática dos retratos (adoro fazer retratos) tem a postura que considero mais própria para fazer da arte pictórica um mar de interrogações e considerações estéticas. Prefiro que os olhares dos retratados estejam direccionados para outros horizontes, como forma de criar dúvidas sobre o que se passa para lá do espaço pictórico. Histórias … da minha pintura.

E vos deixo com um excerto de um poema de Florbela Espanca, inA Mensageira das violetas”:

“ …Meus olhos hão de olhar teus olhos tristes;
Só eles te dirão que tu existes
Dentro de mim num riso d`alvorada!...”

2 comentários:

  1. Nos dias assim, o desassossego instalado transporta vagas de humor em tons de cinzento esfarrapado; trovões e "flashs" de todas as cores invadem o subconsciente com um som intermitente.
    Tudo pára, mas não pára, porque os seus diabinhos do sonho faz de conta, com vermelho e amarelo disfarçados, resolvem ficar e pairar sem cessar.
    As nuvens baixas não permitem ver o sol e o seu brilho que acalenta. Quase rebenta!
    Depois da chuva que caiu o cheiro a terra molhada desperta para a natureza acordada.
    Espera, espera!
    Na câmara escura o negativo já deixa que as formas se adivinhem, e a expressão retrata dias de sol e liberdade. A antítese que dá lugar à cor e luz dos dias claros e sorridentes.
    Um nascer do sol já se avizinha!
    O dia vai melhorar, a tempestade passar e o arco-íris das novas cores vai pintar de novo os céus e seus horizontes.
    O sabor dos dias assim, transforma os dias normais em grandes festivais.

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  2. Os sentidos do olhar
    a querer adivinhar.
    Os pontos de fuga,
    nos cruzamentos sem parar,
    a pensar,
    imaginar
    a brilhar,
    encantar ou chorar.
    Vislumbrar e recordar,
    felicidades
    do olhar,
    sem cessar,
    a vibrar.
    Sem falar!

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