terça-feira, 21 de julho de 2009

Marcas da vida



Recordamos os bons e os maus momentos. As nossas memórias são tão empoladas. Ficam aqueles instantes que mais nos cativaram. Exagerados, quantas vezes. Ainda bem. Os maus, os maus momentos com as agruras, as tristezas e as maleitas fazem parte das memórias que nos servem para aprender. Aprender a não repetir os mesmos gestos, os mesmos disparates, as mesmas incertezas, as mesmas coisas. Mas não vale a pena. Somos o que somos. Uns dias bem, outros não. Uns dias contentes com a luz, com os amigos, com a vida. Outros dias infelizes com a existência, com o tempo errado, com os amores desencontrados, com o mundo ao contrário. Enfim, marcas da vida.

Em 96, data da feitura deste desenho, fiz muita pintura enquadrada numa temática rural, de acordo com a paisagem circundante à época. Primeiro desenhava e colocava cores no papel dos muitos blocos de desenho e, também, repetia, sem fim, os mesmos temas até encontrar a imagem ideal. Depois era pintar partindo do desenho. Histórias da pintura…da minha pintura.

E vos deixo com um excerto de um poema de António Gedeão – Poema da Eterna Presença, in Poemas Póstumos:

“… O que me perturba é que tudo caiba dentro de mim,
de mim, pobre de mim, que sou parte do todo…”

2 comentários:

  1. Pois é. Eu sou, talvez, como António Gedeão.
    E aqui vai.
    Tal como António Gedeão, também me sinto assim:

    "
    Mas este íntimo secreto,
    que no silêncio concreto,
    este oferecer-se de dentro
    num esgotamento completo,
    este ser-se sem disfarce,
    virgem de mal e de bem,
    este dar-se, este entregar-se,
    descobrir-se, e desflorar-se,
    é nosso de mais ninguém.
    "
    Poema do Homem Só

    Um abraço amigo.

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  2. As marcas e os marcos.
    São os marcos da nossa existência que imprimem as marcas no rosto, nas mãos, no olhar, no andar;as marcas da Vida.
    São as nossas palavras sem serem ditas ou desditas;
    São as ditosas gargalhadas afáveis ou encobertas;
    Os segredos no olhar que tanto fazem pensar.
    Quantos pedidos de ajuda entreabertos,
    tantas esperas acabadas,
    tantas surpresas desejadas,
    tantos sorrisos de conquistas,
    tantos malmequeres partilhados,
    tantas vidas difundidas.
    Como interpretar as Marcas da Vida?
    Que rotas estabelecer em torno de marcas perdidas?
    Novas marcas serão atingidas!

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