sexta-feira, 17 de julho de 2009

Brinquedos de lata





É sempre assim. Nunca valorizamos o que comungamos na abundância. O que nos é dado, o que nos é oferecido, é menorizado porque não foi obtido pelo suor, pelas lágrimas, nem pelo sangue. Ter, depois de lutar para se ter, é bem diferente. É a nossa sina. Valorizamos muito os desejos e aquilo que não temos. Desprezamos tanto, o que outros, com enorme sacrifício fizeram para conquistar. Sempre assim foi, e, talvez, sempre assim será. Infelizmente. Para mal dos nossos pecados.

Lembro-me, como se fosse hoje, nas feiras, de ver brinquedos de lata. Rústicos, mas belos. Anos depois olhei para eles com outros olhos e comecei a juntá-los. Ao coleccionar depressa passaram para os meus desenhos, e destes, para as telas. Histórias da pintura…, da minha pintura.

E vos deixo com um excerto de um poema do escritor, poeta e cronista nascido em 1911 e falecido em 1993- Manuel Fonseca, in Menino:

“No colo da mãe
A criança vai e vem
Vem e vai
Balança.
Nos olhos do pai
Nos olhos da mãe
Vem e vai
Vai e vem
A esperança.
…”

1 comentário:

  1. Brincar é aprender, é crescer, é sonhar, é viver...
    Abraçar o mundo dos brinquedos é manter viva a alma de criança que garante que os sonhos nunca morrem e que nas fantasias que os brinquedos revelam pode sempre acontecer uma nova esperança.
    É no regresso à infância que também se encontra o colo que todos os seres precisam manter porque os afectos reproduzem felicidade.
    Um brinquedo, um amigo imaginário que do sótão adormecido o pintor recriou para manter vivo o sonho e a sua pureza.
    Brincar sempre, num conceito de liberdade criativa e universal.

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