Agora é todos os dias o mesmo: calor infernal. De manhã pelo romper do dia se faz o que tem de ser feito. De tarde, os que podem fugir (do trabalho) procuram a sombra e o nada fazer, enquanto a temperatura não baixar. É assim por estas bandas. Como é bom o calor depois de tanta chuva e de uma invernia prolongada. É bom para quem pode saborear o que há para saborear com os excessos do tempo. O problema é sempre igual -os mesmos do costume, têm de fazer, quer queiram, quer não, esteja o tempo que estiver, mesmo com o calor infernal. Afinal, a igualdade é só para alguns. E as oportunidades também.
Estes trabalhos em aguarela fazem parte do meu modo de estar e ser. Dimensões pequeníssimas e grandes fazem o historial das minhas peças que têm sempre o mesmo objectivo: retratar um tempo e um modo de estar e sentir o mundo, independente dos julgamentos de valor, quer de uns, quer de outros e sobretudo indiferente aos tempos e às modas, porque a arte não deve nunca mover-se consoante os caprichos de quem manda. História da Minha Pintura.
Recordo hoje as palavras de Samuel Butler, in “The Way of all Flesh”:
“Toda a obra de um homem, seja em literatura, música, pintura, arquitectura ou qualquer outra coisa, é sempre um auto-retrato; e quanto mais ele se tenta esconder, mais o seu carácter se revelará, contra a sua vontade.”
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