sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Primeira imagem








Há sempre uma primeira imagem de um lugar, de um acontecimento, de um instante, de alguém que nos marca. Desse primeiro olhar há, logo, um julgamento subjetivo, que vale o que vale, na precipitação da caracterização do momento. Depois, numa análise mais serena e com o acumular de informação, a primeira impressão pode ser enganadora ou não. Mas o primeiro momento tem a carga emotiva quando se espera, quando se anseia por esse instante. Com o tempo essa primeira impressão fica mais duvidosa, com a nebulosidade da memória, mas não deixa de ser encantatório recordar, tantos e tantos primeiros instantes.



 

Numa resenha histórica tenho tanto para contar aos meus pensamentos. Da infância guardo alguns, da adolescência outros tantos, da vida adulta alguns mais e, chegados aqui, a réstia de esperança continua, com a crença que há sempre um amanhã que nos demonstre valer a pena acreditar. Questiono muito o sentido dos dias, que significa apenas dizer para onde vamos. E o porquê. Em adolescente lembro-me do título de uma pintura de Gauguin: “ Donde viemos? Quem somos? Para onde vamos?”. É uma afirmação que me persegue, porque resume todo o significado da razão da existência. Como pintor – que é aquilo que eu sou e mais nada – procuro ilustrar um tempo, mas sobretudo um modo e as muitas dúvidas, mesmo depois da primeira imagem.

 
 

E vos deixo com as palavras de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa:

 

“Sempre que Penso uma Coisa, Traio-a.”

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