segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Outros tempos



Foi a abastança. Foi o esbanjar. Foi o orgulho. Foi a ilusão. Foi o engano. Foi a bonança. Agora é o tempo do medo e da incerteza. Ninguém está seguro de coisa nenhuma. Tudo pode acontecer. O que ontem era uma certeza, hoje é apenas um desejo. É este o nosso drama depois de tantas canseiras, de tantas lutas, de tantas esperanças. O rumo da vida é sempre um caminhar entre muitas vias de inúmeros obstáculos, que se vencem ou... que nos vencem. Se avançamos significa vencer, se, pelo contrário, formos vencidos é com nostalgia que recordamos outros tempos, outras vivências, outras esperanças. Nunca devemos desistir mesmo que a tormenta seja muita. Cabe acreditar que outros tempos virão, embora muito diferentes, mas, talvez, como no passado, com encanto e magia. Pensar o contrário é desistir, e, só devemos desistir, quando o dia do juízo final chegar. Só nesse dia. E só nesse dia.

Esta pintura de 2007 (agora retocada) é o retrato do presente para uns, ou o olhar de tempos passados para outros. Distantes nas vivências quer num caso, quer noutro, o encanto é o mesmo. Há momentos mágicos que ultrapassam os tempos, para gáudio de todos. E porque procuro retratar instantes tão sublimes no relacionamento humano, aqui, mais uma vez, com a ajuda de modelos, tentei captar a singularidade do afecto e da afirmação do desejo mais sublime, que é a cortesia nas poses e nas atitudes.


Esta tela, de grandes dimensões, procura com um minimalismo formal captar formas e cores numa atmosfera onde o jogo de sombra e luz cria o ambiente inerente à temática. História da Minha Pintura.

Recordo hoje as palavras de Jacques Bossuet:

“Aos jovens, tudo o que imaginam parece-lhes realidades.”

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