segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Diálogos silenciosos



Fala-se muito sem nada dizer. Não falar é, quantas vezes, mais abrangente que longos discursos. Muito se diz no maior dos silêncios. Tudo é uma questão de oportunidade e sentido do valor das palavras ausentes. Momentos há que sentimos tanto o vazio, quer dos sons, quer das conversas inexistentes. Sentimos ainda mais quando o silêncio se prolonga no tempo e, este, se transforma em infinidade. É esta a marcha dos percursos de vida, que giram e giram, tendo por base os diálogos, ora muito vibrantes e sonoros, ora inexistentes e, por isso, eternamente silenciosos... mas comunicantes.

Esta pintura em tela, 100x100 cm, procura retratar os momentos onde paira o silêncio e a comunicação se faz tendo por base o olhar e a frieza das poses. Observar é, também, dialogar silenciosamente – e muitas vezes acontece – que o diálogo é a uma só voz, com o próprio, numa mistura de pensamentos contínuos e diálogos sem receptor.

Esta composição, quase simétrica, procura, com um jogo cromático e formal muito contido, a captação de uma imagem forte, que seja apelativa, neste universo onde a memorização do que se observa é difícil, face à imensidão do observado. História da Minha Pintura.

Recordo hoje as palavras de Sófocles, in Antígona”:

“Há algo de ameaçador num silêncio muito prolongado.”

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