terça-feira, 23 de agosto de 2016

Últimos dias


















Está quase a acabar mais uma exposição minha de pintura. É sempre uma ansiedade o antes e o durante. Depois fica um vazio e uma saudade. Pintar é desnudar um pouco de nós, porque é um trabalho exigente, de muita solidão e expectativas desmesuradas. E, porque, pintar é, sobretudo, acreditar que vale a pena ter outros valores e outros sentimentos, que não passam pelos interesses materiais, nem pelos desejos animalescos do ser, mas apenas descrever um modo de pensar o presente olhando o futuro, com o silêncio e a especulação da imagem que o tempo consome, numa incógnita que só o futuro sabe.







Sabe sempre a pouco o resultado final, mas é preciso compreender o que interessa no momento e apoquenta cada um de nós. Há tanta trivialidade consumista do tempo e das preocupações, que a arte, toda ela, feita com a paixão de sempre, é apenas um expressivo modo de comunicar de uns para alguns.







O espaço é lindo e como chamariz, no exterior do edifício, um enorme cartaz com a imagem de uma das pinturas, tornando, assim, visível, a todos que por ali passam, uma obra pictórica que é um olhar sobre a temática do evento. O que chama a atenção nos espectáculos é a sonoridade dos intervenientes, que nas artes plásticas não têm estatuto para mover multidões, excepto nas grandes capitais, quanto mais nas pequenas urbes lusas que pouco ultrapassam os 30 000 habitantes, em média.







Confesso que me sinto feliz por ter tido oportunidade de mostrar a quem quis ver alguns dos meus trabalhos recentes, que agora terão diferentes destinos e já não voltarão a contar a história do meu olhar sobre a postura feminina na intimidade.



Esta mostra só foi possível graças à Câmara Municipal de Tomar que gentilmente cedeu o espaço e disponibilizou as condições logísticas. Ao escolher os meses de julho e agosto foi com o intuito de mostrar aos muitos visitantes que a cidade recebe nesta altura do ano o meu trabalho. As contas fazem-se depois....







E vos deixo com as palavras de Fernando Pessoa:




“A Minha Arte é Ser Eu”.

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