domingo, 19 de maio de 2013

Dançar é uma festa




 
 





 
 
 
 
Não sei dançar. Mas gostava. Em adolescente, na comunidade onde vivia, o bailarico era sábado sim, sábado sim. Toda a gente rodopiava num frenesim de alegria e encanto. Mas eu não. Desgostosamente assistia, porque cedo percebi que não seria capaz de envolver o corpo na musicalidade que a dança obriga, restava-me, pois, ver dançar. E é o que faço com gosto, ainda hoje. O tango é, para mim, a excelência da dança de salão. As vestes e as posturas abrasivas de sexualidade, envoltas numa vaidade, contagiam os demais. Sempre que posso vejo os festivais onde a dança é a razão. Mais tarde vi (no cinema) o Rudolf Nureyev e fiquei rendido à magia da dança clássica. A corporalidade em movimento sugerindo formas e sentimentos é de uma beleza encantatória só ao alcance de alguns. Resta-me (naturalmente) fruir o bailado e as danças dos outros.
 
Ainda num passado recente estive num evento muito cerimonioso com graduados e colunáveis. Tudo funcionou dentro do restrito espírito do protocolo até chegar o momento da dança. Depois foi só vê-los na alegria expressiva que a libertinagem mágica do movimento rítmico exige e... lá se foi todo o protocolo.
 
Porque me deixo encantar pela dança, procuro pintar essa atmosfera de magia que a conjugação dos dançarinos me cativa. As telas que hoje mostro foram pintadas em 2006 depois de ter visitado o Caramulo e de ter estado num casamento.
 
E vos deixo com as palavras de Saramago, in “Cadernos de Lanzarote”:
 
“Nenhum dia é festivo por ter nascido assim: seria igualzinho aos outros se não fôssemos nós a «fazê-lo» diferente.”


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