segunda-feira, 25 de abril de 2011

Hoje











As datas marcam episódios que são relevantes de acordo com os interesses de cada um. Para os portugueses ainda hoje diz muito o que se passou em 1974. O tempo, no entanto, apaga tudo e para as novas gerações o passado não lhes diz nada, porque não o viveram; porque o desconhecem em absoluto; porque não querem descortinar nem lhes interessa o que foi a vida dos pais ou avós. É sempre assim. Tudo é apenas bruma. Tudo passa num instante. O que era fundamental e que foi vivido com ardor, com convicção, com paixão, hoje, bem vistas as coisas, para muitos, foi um engano, uma loucura, uma estupidez, um sonho ou uma utopia. Os sentimentos maiores valem o que valem no momento certo e não mais que isso. E o que ontem era correcto, hoje, porque mudamos, tudo tem outra leitura, ou não fosse a vida, de todos, uma descoberta de certezas e enganos. E ainda bem.

A minha pintura tem sido uma caminhada de muitos enganos e poucas certezas. Creio firmemente que este meu modo de estar me leva por tantos enviesados percursos. Eu sou assim. Gosto de experimentar novas propostas pictóricas para tirar conclusões. Muito do que fiz, reconheço hoje, foi tempo perdido. Mas aqui estou com fé e determinação. O futuro dirá se fiz bem ou não, confesso, sinceramente, que é a paixão a condutora nesta minha caminhada da criação, mesmo remando contra a maré e contra moinhos de vento, mas vale a pena, quando a alma não é pequena. História da Minha Pintura.

E vos deixo com um excerto poético de Fernando Pessoa:

“… Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca…”













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