terça-feira, 18 de abril de 2017

O meu mundo














João Alfaro

Pastel de óleo sobre cartolina, 2017






Quando se olha com outros olhos, o que ontem era insignificante, hoje pode ter uma valorização nunca antes imaginada. Passear por Lisboa ( como foi no domingo), num dia de sol, onde quase todos pareciam querer usufruir do espaço e do tempo, foi maravilhoso. Pensando bem, o edificado que tantos outros nos deixaram, faz as delícias quando olhamos com olhos de ver, mesmo que haja sempre inquietações, dúvidas e incertezas do amanhã. Foi graças a gente anónima que os dias podem ser encantadores - olhando a arquitectura e a paisagem transformada -, ou trágicos, porque depende do imprevisto que é andar por este território sinuoso.




O amanhã nunca ninguém o viu e, no entanto, por causa da incerteza constante que reserva o dia seguinte e todos os outros ( se os houver) provoca, em muitos, tristeza e ansiedade, quase sempre injustificadas, mas necessárias para que o realismo esteja presente, e não se deixe vencer pela fantasia dos castelos principescos das histórias da carochinha. Cada um vive um sonho e uma angústia, porque só resta um caminho para triunfar: lutar com crença. Os episódios do trilhar indicam paulatinamente o certo e o errado na consciência cultural de uma pessoa. Amanhã é outro dia e depois logo se vê...




A actividade humana pressupõe  uma necessidade social, todavia, muito do que se faz hoje não tem utilidade nenhuma face à produção em excesso em alguns domínios. Estraga-se tanto, até em alimentos, em medicamentos e em bens essenciais ao viver, mesmo tantos morrendo de fome e sem assistência médica, porém há que acreditar na necessidade de construir um mundo melhor. E eu, na minha insignificância, pinto todos os dias porque acredito que a arte ajuda a transformar o mundo para melhor , sendo apenas um construtor de imagens, sobretudo dos que me cercam, neste universo restrito de dias felizes e outros nem tanto. Basta partilhar uns breves momentos com quem gostamos tanto,  para que o sol pareça resplandecente ou, pelo contrário, o negrume preencha o espírito e a alma, pela ausência. 









E vos deixo com as palavras do romancista inglês do século XVIII, Horace Walpole, que um dia disse:



“ O mundo é uma comédia para aqueles que pensam, uma tragédia para aqueles que sentem.”




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