segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Tempo Contado

 
 
 
 
João Alfaro
 "Banho", 2015 ( em construção)
Desenho a grafite sobre papel canson 59x42 cm  
 
 
 
 
 
 
É um dado absoluto: o tempo está sempre a contar. Melhor dizendo: a descontar. Por outras palavras: a vida – a nossa – tem um tempo contado. Não se compra, nem se vende. Só teoricamente. Em vez de estar aqui forçado, se tenho outros proventos, posso usufruir de outras paisagens, de vivências aprazíveis, de paradisíacos desejos momentâneos. Isso é tempo. Consumido num gostar de estar. Mas não mais do que isso. A verdade temporal, por muito que doa, é um mistério da vida. É sempre curta, mesmo para aqueles que se arrastam. E são muitos. Mesmo sapientes da precaridade tudo gira como se fosse crescente e proveitoso o dia de amanhã. É a esperança no milagre da felicidade, no acreditar que vale a pena, mesmo que muito nebulosos sejam os caminhos, mas, felizmente que há este rasto de força interior para dar a volta e, seguir em frente à procura da paz, nem que ela seja, afinal, um conto mal contado, como o tempo.
 
 
 
Há tanto caminho e mais caminhar e, no entanto, o tempo tem um tempo. Ou se chega a tempo ou nunca se chega, porque o tempo é outro, de outros e não nosso. Só nosso. Prisioneiro me sinto, incapaz de estar em tanto lado. É tudo uma opção de vida com muito amor ou sem ele, talvez, porque o tempo é tempo contado.
 
 
E vos deixo com as palavras da romancista francesa, do século XX,  Anais Nin que um dia disse:
 
“O único transformador, o único alquimista que muda tudo em ouro, é o amor. O único antídoto contra a morte, a idade, a vida vulgar, é o amor. “

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