segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Sonho meu

 
 
 






João Alfaro

“Sonho meu”, 2014

Pintura sobre tela de 80x120 cm

 

 

 

 

Não há nada a fazer. Serei sempre assim. Já não tenho idade para mudar, porque preciso do sonho para acreditar, mesmo não acreditando. De tanto sonhar, paradoxalmente, o tempo passou sem sonhos, nem ilusões, num contraditório modo de ser e estar, porque os pés sempre estiveram assentes no chão, e os sonhos foram e são apenas momentos, nas viagens que o arrastar do pensamento conduz. De tanto crer e descrer se faz um caminho que acaba por traduzir o procurado, com muita ilusão e fantasia, que é a base sólida para continuar a querer fazer mais e mais, neste labiríntico processo de andar entre os pingos da chuva, num conflito em que a razão é a parte menor de tanta dúvida.

 

 

 

E com medos percorro as etapas, num saboroso saber ficar com as armas que tenho, que me deixam feliz por julgar saber como usufruir muito com o pouco que é tanto. E pinto tanto que quero mais ainda, como se a solução e as dúvidas todas estivessem na junção das cores numa tela, porque é assim que os meus sonhos acontecem e se realizam em prazerosos momentos.

 

 

E vos deixo com as palavras de Cesare Pavese, in “Mestiere di Vivere”:

 

“O louco tem inimigos. O sonhador tem-se apenas a si próprio.”

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