terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Mais uma exposição












 Agora, mais uma exposição de pintura de algumas das minhas obras. Num espaço relativamente pequeno mostro dez telas, umas pela primeira vez, e outras já conhecidas de anteriores eventos. Sou apologista de apresentar sempre novos trabalhos  e procuro que sejam apelativos para criar alguma expectativa, sobretudo, junto dos que me acompanham.



Pintar é um trabalho, no meu caso, quase sempre solitário, embora gostasse que não fosse assim. Longe vão os tempos em que os pintores tinham ( os que pintavam modelos) a presença física do retratado. Hoje com as novas tecnologias e por uma questão de custos e, até, porque quase ninguém quer estar horas sem se mexer para permitir que o artista vá pintando paulatinamente, a solidão do ateliê é uma constante. De tão constante que, porque o homem é um animal de hábitos, já não consigo fazer um traço com gente por perto, restando-me a solidão laboral...



Quando as inaugurações acontecem é o momento maior entre os que querem conhecer diretamente as obras, o artista e, obviamente, ver presencialmente a pintura. Há o lado mais encantador que é o ritual que já faz parte do meu caminhar artístico: o convívio pela noite dentro, onde a pintura dá lugar à conversação sobre este mundo e o outro. É a passagem do silêncio, da ausência de um tempo em que o trabalho exige rigor e dedicação, para o partilhar de outras emoções, com gente que essencialmente encontra nos prazeres artísticos um outro olhar.



Os meus amigos fazem já parte de uma casta onde nos encontramos nos cruzamentos de uns e outros. Nos dias de hoje cultivamos a paixão e a entrega nos imaginários passeios da vã glória. É um modo de estar em que se cultiva o gosto comum, num palco de muitos interesses e poucas oportunidades de relevo, mas o mais importante é gostar de pintar, porque o resto é mesmo o resto.





E vos deixo com as palavras do escritor austríaco Karl Kraus, que um dia escreveu:


“A carreira é um cavalo que chega à porta da eternidade sem cavaleiro.”


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