domingo, 20 de maio de 2012

Conversas silenciosas




 
Toda a gente tem tanto para dizer, mesmo que nada seja interessante. As conversas são quase sempre banais e sobre coisa nenhuma, neste meu modo desencantado de olhar o que me cerca. Os velhos falam da doença, do passado e da triste sina que os espera; a geração anterior conversa sobre o desemprego e a angústia dos dias; os jovens vivem pela descoberta e com os discursos das mensagens vazias dos telemóveis e, os pequenitos começam a saber o que é cada novo dia, neste desencontro com a aprendizagem. E o mundo gira. Uns nascem e outros partem. Aqui com paz, ali com guerra. Na nossa terra a fartura e a pobreza escondida coexistem. E é este labiríntico conjunto de tanto e de tão pouco que preenche o vocabulário assertivo e coerente de alguns, entre tanto dizer sem conteúdo de muitos. E lá vamos cantando e rindo, entre lágrimas e dores da alma, porque a vida é vivida um dia de cada vez e, ninguém pode dizer que desta água não beberei, mesmo que tenha dito o seu contrário, entre conversas coerentes ou meramente de circunstância. E mais não digo. E mais não quero. E mais não posso. Por enquanto.
Recordo hoje palavras extraídas de textos budistas in “Máximas”:
 “Não se é sábio por falar muito.”
E vos deixo com Di Provenza uma ária da ópera Traviata de Verdi, com a voz maravilhosa de Dietrich Fisher-Dieskau, cantor lírico (recentemente falecido), que aprecio imenso e que me acompanha, muitas vezes, enquanto pinto.



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