segunda-feira, 4 de julho de 2011

Dezassete dias



Tanta pressa; tanto desejo de chegar primeiro; tanta ansiedade; tanta procura; tanta fuga em frente; tanto disto e daquilo é o retrato dos dias de hoje. Ninguém tem tempo a perder. Anda tudo numa correria. Daqui para ali e, deste lugar, para um outro qualquer. Todos os dias. Com toda a gente. Em todo o lado. Que vida é esta? Que podemos esperar disto tudo?

Ao fim de dezassete dias esta pintura ficou concluída. Foi uma luta contra o tempo e em busca - como acontece com muita boa gente - do maravilhoso e do fantástico. A arte tem sempre destas coisas: cria um imaginário e um alcance surreal do valor da obra. Depois é o costume: tudo corre bem ou, como acontece muito, é como se nada tivesse existido. Quantas obras feitas com o maior profissionalismo, a maior entrega, paixão desmedida na sua feitura e, no entanto, tudo no maior dos desconhecimentos? Quantas? Silêncio absoluto em torno de uma epopeia artística é, afinal, igual ao que tantos fazem, todos os dias, por um pedaço de pão. A arte e a vida são a mesma coisa. Sempre foram. Ou não fosse tudo produto dos Homens. Hoje e sempre. História da Minha Pintura.

E vos deixo com as palavras extraídas de textos judaicos:

“Todos os dias a nossa vida recomeça de novo.”

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