quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Fim da linha ou, talvez, não








Tudo começou numa conversa de amigos, todos eles apaixonados por terem um blog. Era a época alta de partilhar ideias e desejos, para uma multidão anónima de crentes na leitura de confissões na net. E eu entrei na onda e nasceu o joaoalfaro.blogspot.com. Depressa descobri que não reunia as condições para manter um público-alvo por muito tempo. É preciso criatividade, disponibilidade e uma consistência na escrita e na periodicidade. Difícil sem dúvida, porque exige muita entrega para continuar. Fui resistindo, resistindo e até tinha fortes razões para continuar com o meu blog. Escrevia e mostrava o meu trabalho pictórico, o que é excelente. Agora, tenho apenas, no fio da navalha, alguns leitores fiéis, mas a maioria "desapareceu". Deixei de fazer contas aos visitantes diários e de descrença em descrença, apenas queria, afinal, ter um "local" para mostrar aleatoriamente o trabalho pictórico.


É sempre muito complicado fazer em simultâneo tantas coisas díspares. A  pintura - a minha grande paixão - cada vez exige mais de mim. E há todo o resto que me preenche. É sempre o tempo que vejo fugir e me angustia. Não sou capaz de partilhar tantas coisas num mesmo periodo. Há quem mereça muito de mim e eu estou, como sempre, longe de tudo. É chegada a hora de novos caminhos, se tiver tempo para os percorrer. Os deuses é que sabem.


A pintura é um manto de descrições, de relatos, de prazeres, de confissões, de descobertas permanentes. E eu, cada vez mais, me fecho na minha concha, como se o mundo fosse agora um buraco negro e eu o queira transformar numa estrela resplandecente. Preciso mesmo de parar. A vida é assim. Há um fim de linha para tudo, talvez eu ainda regresse, mas não depende só de mim. Perguntem aos deuses. É muito difícil agradar a gregos e troianos. Tantas vezes injusto sei o quanto fiz de errado nos muitos caminhos percorridos. Lamento muito o que hoje vejo de censurável em mim, mas de santo nada tenho. Quero agora viver cada dia intensamente e a escrita (que adoro) cai sempre na paleta onde estão as cores do desencanto.


Por último quero agradecer aos que me acompanharam e a quem a minha pintura lhes disse tanto. 


Cheguei ao fim da linha ou, talvez, não.

Até sempre.


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