segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Tertúlia Pictórica

 
 
 
 








Quando as palavras se cansam de dizer o mesmo, as conversas deixam de fazer sentido e o fim do dialogar é a solução final, embora o terminar seja um lancinante modo de dizer adeus. Mas, entre o vazio do conversar e o querer comunicar, há uma distância oceânica, que o tempo faz justiça.

 

Hoje, por convite de um amigo de longa data, vou estar num breve encontro de pessoas que fazem do prazer pictórico uma entrega pelo devaneio e pela fantasia da criação. Entre os sonhos do gostar de fazer bem e o resultado, a distância é medida, quase sempre, pela dimensão estelar da incapacidade de atingir o pretendido, mas o pior é nada fazer para contrariar as montanhas herculanas e, por isso, tanto esforço é o melhor caminho para tentar vencer, mesmo quando não só as palavras se cansam, mas também o tempo se esgota e a crença esmorece. O melhor mesmo é nunca desistir, mesmo que tudo aparentemente seja negro, porque há, sempre, dias radiosos.

 

Pintar é, sobretudo, um estar: tudo se silencia; tudo fica imóvel; tudo deixa de ser real para se passar para outra dimensão, que é a razão principal para tanta entrega de tantos. E é o que vou dizer nesta tertúlia, onde o descrever do tempo a pintar, se traduz num passeio pelas memórias que são recordações do estar.

 

 

 

 

E vos deixo com as palavras de Simônides de Ceos, citado em Plutarco, in “Obras Morais, a glória dos atenienses”:

 

"A pintura é poesia silenciosa, a poesia é pintura que fala."





Sem comentários:

Enviar um comentário