domingo, 13 de novembro de 2011

Paraíso Perdido




“Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria,
Vendo que perdera o seu único amigo.
Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:
É uma maneira de dizer.
Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real.”


Poema “Quando tornar a vir a Primavera” de Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

Tanta gula; tanta avareza; tanta luxúria; tanta ira; tanta inveja; tanta preguiça; tanta vaidade e, tudo isto, sem sentido. É o nosso mundo onde uns nada possuem e outros, bem pelo contrário, tudo querem apesar do muito que já têm. Não há limites para o pior da natureza humana. E, porque somos o que somos, a selva é uma constante no quotidiano de todos nós. Haverá eternamente este hiato entre a verdade e a mentira; entre o bem e o mal; entre o justo e o pecador. Conscientes da fragilidade e dos valores que mudam de acordo com a circunstância, há este infinito desejo de idealizar paraísos perdidos, algures entre o possível e a fantasia. Algures.


“Paraíso Perdido” é uma pintura de 60x60 cm que procura retratar o regresso à natureza. A presença humana é parte integrante da paisagem, com a singularidade de olhar e ver o mundo, onde os desejos de cada um se dissolvem perante o espaço envolvente.

E vos deixo com as palavras de Henri Amiel que escreveu in “Diário Íntimo”:

“Uma paisagem qualquer é um estado de alma.”

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