Esboços para uma nova
série pictórica
Viajando no tempo depressa se
regressa ao futuro. O que ontem foi, hoje já era. Tudo sucede num frenesim de
eventos e de muitos sonhos desfeitos, com algum proveito nas curvas do destino,
isto tudo para dizer que a aprendizagem dos dias é constante e, o que conta
mesmo, é o instante vivido e saboreado logo, depois fica a memória, quando
fica.
De repente uma lembrança
adormecida nos convés do pensamento renasce e toma outra dimensão e
significado. Agora estou a iniciar os primeiros esboços para uma nova série
pictórica, que só foi possível neste meu viajar entre memórias, desejos e
esperanças. Está a começar uma homenagem à criança através de figuras - tipo de
hoje e de ontem, pelo menos neste caldo cultural, onde se estratifica quem é
quem. E lá surgem as recordações de pessoas que o tempo transforma mas que a
minha pintura teima em fixar, para que faça sentido gostar do instante e dos
que amamos tanto, mesmo no silêncio e na ausência.
Basta, para mim, às vezes tão
pouco, para que o pouco ganhe um significado e consistência que ultrapasse,
talvez, as barreiras e chegue longe, bem longe, porque um pequeno gesto, uma
frase, uma linha podem alcançar outros patamares. O que me fascina na pintura,
como tantas vezes digo, ela é um pedaço de mim, e eu só quero descobrir
apelativos prazeres estéticos, onde faço surgir os que me rodeiam, procurando
sempre mostrar o lado mais encantador da natureza humana, sem selva, nem
artimanhas, porque a vida é breve e eu estou farto de negatividade.
E vos deixo com as palavras de Leonardo
da Vinci que escreveu in “Tratado
da Pintura” :
“A pintura é uma poesia que se vê e não se sente, e a poesia é uma
pintura que se sente e não se vê.”
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