Agora, mais uma exposição de
pintura de algumas das minhas obras. Num espaço relativamente pequeno mostro
dez telas, umas pela primeira vez, e outras já conhecidas de anteriores
eventos. Sou apologista de apresentar sempre novos trabalhos e procuro que sejam apelativos para criar
alguma expectativa, sobretudo, junto dos que me acompanham.
Pintar é um trabalho, no meu
caso, quase sempre solitário, embora gostasse que não fosse assim. Longe vão os
tempos em que os pintores tinham ( os que pintavam modelos) a presença física
do retratado. Hoje com as novas tecnologias e por uma questão de custos e, até,
porque quase ninguém quer estar horas sem se mexer para permitir que o artista
vá pintando paulatinamente, a solidão do ateliê é uma constante. De tão
constante que, porque o homem é um animal de hábitos, já não consigo fazer um
traço com gente por perto, restando-me a solidão laboral...
Quando as inaugurações acontecem
é o momento maior entre os que querem conhecer diretamente as obras, o artista
e, obviamente, ver presencialmente a pintura. Há o lado mais encantador que é o ritual que
já faz parte do meu caminhar artístico: o convívio pela noite dentro, onde a
pintura dá lugar à conversação sobre este mundo e o outro. É a passagem do
silêncio, da ausência de um tempo em que o trabalho exige rigor e dedicação,
para o partilhar de outras emoções, com gente que essencialmente encontra nos
prazeres artísticos um outro olhar.
Os meus amigos fazem já parte de
uma casta onde nos encontramos nos cruzamentos de uns e outros. Nos dias de
hoje cultivamos a paixão e a entrega nos imaginários passeios da vã glória. É
um modo de estar em que se cultiva o gosto comum, num palco de muitos
interesses e poucas oportunidades de relevo, mas o mais importante é gostar de
pintar, porque o resto é mesmo o resto.
E vos deixo com as palavras do
escritor austríaco Karl Kraus, que um dia escreveu:
“A carreira é um cavalo que chega
à porta da eternidade sem cavaleiro.”
Sem comentários:
Enviar um comentário