quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Retratos com gente dentro
















Retratos, 2016

Desenhos  a pastel de óleo e lápis de cor, sobre cartolina de 34 X 24 cm







O que me fascina no meu trabalho pictórico é a construção figurativa dos outros, segundo o meu olhar que depende do momento e da circunstância. Ao fazer um simples desenho, de poucas linhas, com o intuito de captar a definição formal e psicológica de alguém, estou a edificar uma obra que me ultrapassa e caracteriza a personalidade, não de quem eu sou, mas de um outro.




A singularidade de cada um é uma maravilha da criação e, conseguir criar um objecto que identifique esse alguém e que se conserve no tempo, como se houvesse uma paragem de vida e apenas aquele momento fosse único é, para mim, mágico. Registar numa atitude nobre um instante e conseguir que ele seja lido em contextos e por gerações tão disformes e heterogéneas, é, outra razão para gostar tanto do mundo da arte.




Cada pessoa tem um gostar de estar e de se mostrar. Captar esse sentido e enquadrar a imagem criada na pintura tornando-a apelativa é uma luta constante entre o que se consegue, o que os outros consideram e, realmente, o que fica de valor. A História da Humanidade é um desfiar de pessoas que o tempo apagou, mas que ficou um registo da presença, porque o edificado foi um colectivo caminho de todos: os poucos lembrados e os esquecidos de sempre. Quando retrato alguém quero homenagear essa pessoa, pela presença num tempo em que ela é parte da mudança que os tempos comportam.





E vos deixo com as palavras de Alphonse Karr, escritor e jornalista francês do século XIX que um dia disse:




“Cada homem possui três personalidades: a que exibe, a que tem e a que pensa que tem.”

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