Retratos, 2016
Desenhos a pastel de óleo e lápis de cor, sobre cartolina de 34 X 24 cm
O que me fascina no meu trabalho
pictórico é a construção figurativa dos outros, segundo o meu olhar que depende do momento e da circunstância. Ao fazer um simples desenho, de
poucas linhas, com o intuito de captar a definição formal e psicológica de
alguém, estou a edificar uma obra que me ultrapassa e caracteriza a personalidade,
não de quem eu sou, mas de um outro.
A singularidade de cada um é uma
maravilha da criação e, conseguir criar um objecto que identifique esse alguém e
que se conserve no tempo, como se houvesse uma paragem de vida e apenas aquele
momento fosse único é, para mim, mágico. Registar numa atitude nobre um instante
e conseguir que ele seja lido em contextos e por gerações tão disformes e
heterogéneas, é, outra razão para gostar tanto do mundo da arte.
Cada pessoa tem um gostar de
estar e de se mostrar. Captar esse sentido e enquadrar a imagem criada na
pintura tornando-a apelativa é uma luta constante entre o que se consegue, o
que os outros consideram e, realmente, o que fica de valor. A História da
Humanidade é um desfiar de pessoas que o tempo apagou, mas que ficou um registo
da presença, porque o edificado foi um colectivo caminho de todos: os poucos
lembrados e os esquecidos de sempre. Quando retrato alguém quero homenagear
essa pessoa, pela presença num tempo em que ela é parte da mudança que os
tempos comportam.
E vos deixo com as palavras de Alphonse
Karr, escritor e jornalista francês do século XIX que um dia disse:
“Cada homem possui três personalidades: a que exibe, a que tem e a que
pensa que tem.”
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