Está quase a acabar mais uma exposição
minha de pintura. É sempre uma ansiedade o antes e o durante. Depois fica um vazio e uma saudade. Pintar
é desnudar um pouco de nós, porque é um trabalho exigente, de muita solidão e
expectativas desmesuradas. E, porque, pintar é, sobretudo, acreditar que vale a
pena ter outros valores e outros sentimentos, que não passam pelos interesses
materiais, nem pelos desejos animalescos do ser, mas apenas descrever um modo
de pensar o presente olhando o futuro, com o silêncio e a especulação da imagem
que o tempo consome, numa incógnita que só o futuro sabe.
Sabe sempre a pouco o resultado
final, mas é preciso compreender o que interessa no momento e apoquenta cada um
de nós. Há tanta trivialidade consumista do tempo e das preocupações, que a arte,
toda ela, feita com a paixão de sempre, é apenas um expressivo modo de
comunicar de uns para alguns.
O espaço é lindo e como chamariz, no exterior do edifício, um enorme cartaz com a imagem de uma das pinturas, tornando, assim, visível, a
todos que por ali passam, uma obra pictórica que é um olhar sobre a temática do evento. O
que chama a atenção nos espectáculos é a sonoridade dos intervenientes, que nas
artes plásticas não têm estatuto para mover multidões, excepto nas grandes
capitais, quanto mais nas pequenas urbes lusas que pouco ultrapassam os 30 000 habitantes, em média.
Confesso que me sinto feliz por
ter tido oportunidade de mostrar a quem quis ver alguns dos meus trabalhos recentes,
que agora terão diferentes destinos e já não voltarão a contar a história do
meu olhar sobre a postura feminina na intimidade.
Esta mostra só foi possível graças à Câmara Municipal de Tomar que gentilmente cedeu o espaço e disponibilizou as condições logísticas. Ao escolher os meses de julho e agosto foi com o intuito de mostrar aos muitos visitantes que a cidade recebe nesta altura do ano o meu trabalho. As contas fazem-se depois....
E vos deixo com as palavras de Fernando
Pessoa:
“A Minha Arte é Ser Eu”.
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