João Alfaro
Aguarela, 2007
Andei a arrumar o meu acervo onde
guardo uma parte das obras que faço e que, como é normal com todos os artistas,
se acumulam pelos espaços e se espalham pelos cantos e recantos. E foi neste
reorganizar que encontrei obras que a memória esquece com o tempo. Tanto
trabalho feito com dedicação e sonhos que hoje pouco ou nada querem dizer,
porque somos outros na mudança e na circunstância.
O que faço com a minha pintura é
aquilo que em determinada fase me parece importante, neste dialogar onde o
silêncio é de ouro e a comunicação se faz pela especulação da imagem, e que é o
significado das mensagens plásticas sem narrativas literárias, onde importa apenas o discurso da essência da significância. Formas, cores, sombras,
luzes, texturas, poses, são afinal uma
teia de pensares que se reduzem a tão pouco, quando apenas se olha sem se ver e
acontece tanto nas exposições, onde (parece) que o mais importante é aparecer e
marcar presença pelas variadas razões que fazem da vivência um jogo de
interesses e oportunidades.
O que apraz registar é o saborear
das obras que fazem parte de mim e transportam consigo um código de conduta de
um tempo e de um modo, numa eterna busca. O resto pouco importa, porque tudo é tão pouco, e o pouco é muito, quando um homem se põe a pensar.
E vos deixo com as palavras de Osho,
in “Intimidade”, líder espiritual
indiano nascido em 1931 e falecido em 1990 e que disse um dia:
“ A vida é uma busca – uma busca
constante, uma busca desesperada, uma busca sem esperança, uma busca de algo
que não sabe o que é....”
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