“Natureza X” ,
2016
Pintura sobre tela de
54 X 81 cm
Aquele adolescente que viu
chegar, aqui, o dia que mudou a vida de todos, é hoje outro. O país também. E
muito. As ideias fantasiosas de um amanhã cheio de luminosidade vieram apenas
demonstrar que a natureza humana ora esquece, ora deturpa, ora mitifica isto e
aquilo. Da esperança ao desencanto foi o que aconteceu, e, ao ver, com
olhos de ver, tanto oportunismo, tanta injustiça, tanta hipocrisia, tanta
falsidade, tanto bofetear este povo, que deu cartas ao mundo, sereno e sensato, e que lá vai lutando, apesar de resignado muitas vezes, apoiando os seus heróis
ideológicos, que apenas são capas para ocultar a verdade escondida nas sociedades
secretas, transversais aos partidos onde ,realmente, se traça o destino de
todos. É tão bom gritar alto o que nos vai na alma, sem constrangimentos e sem
medos. Mas difícil é acreditar, quando já não se acredita. Amanhã é outro dia e
talvez renasça a esperança. Talvez. Com gente mais séria, solidária, onde a
justiça não seja um emaranhado de labirínticos caminhos; a educação um espaço
de debate e aprendizagem e não um território de subserviência à libertinagem; a
segurança um valor maior e não com a sua inversão. Enfim, um país feliz e não, como acontece hoje, tanta gente sem esperança, apesar de tudo de bom e sublime que foi feito nestas quatro décadas e que nos orgulha a todos.
E vos deixo com as palavras da escritora e filósofa francesa
Simone de Beauvoir que um dia disse:
“Em todas as lágrimas há uma esperança.”
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