Tenho um tempo e um modo que é
resultante do apego à pintura, que tem o feitiço de me encantar e preencher com
fantasia e ilusão esta minha caminhada, onde os dias ora parecem mais luzidios, ora
são uma mistura de inquietação. Nunca há, nem haverá oportunidade para realizar todos
os sonhos e vencer tantos desejos, mas sei que procuro, agora mais do que
nunca, tentar que, dentro dos limites a que estou confinado, cada instante e
cada momento seja apelativo, quer com a realidade vivida, quer com o vaguear
que a memória transporta.
Houve um tempo em que desenhava
quase compulsivamente. Fiz milhares de desenhos que tenho registados em blocos
e que me serviam de inspiração para os temas que queria trabalhar, sendo,
sobretudo, caracterizados por apontamentos rápidos, ou não fosse o meu tempo e o
meu modo instantes prazenteiros.
"Temos a arte para não morrer da
verdade."
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