João Alfaro
“Márcia”, 2015
Pintura sobre tela de
80x80 cm
Será sempre permanente, em mim, este
estado de alma em que as dúvidas e as certezas são uma constante, num jogo
contínuo de juízos de valor instáveis. Na procura pela motivação maior,
com o desejo expresso de plasticamente construir a singularidade que traduza um
tempo e um modo, que se prolongue na especulação das análises e que seja,
também, objeto de contemplação e fruição, me arrasto. Agora e sempre. Umas vezes
mais crente e sorrindo, outras nem tanto, mas ciente que o caminho, por muito
agreste ainda é, e será sempre, o melhor do momento, sem sofismas nem
preconceitos, apenas e só com dúvidas, muitas mesmo, e as certezas do momento.
Agora, mais do que nunca, num
tempo onde as ideologias se cruzam num conflito religioso de fundamentalismo e
medos sem fim, com os preconceitos e os tabus que fizeram história, e que estão a
regressar em muito lado, procuro, enquanto me deixarem, usar a liberdade para
mostrar quanto é belo olhar e ver que a beleza é contemplativa, e que realça o
melhor que há na valorização da autoestima, de quem sabe tirar partido do estar
sem receio das censuras moralistas, que apenas traduzem ignorância e frustração.
“Márcia” interpreta , a meu ver, um modo
de retratar a beleza, respeitando os valores maiores que me conduziram até aqui.
E vos deixo com as palavras que James
Joyce disse um dia:
“Ninguém presta à sua geração maior serviço do que aquele que, seja
pela sua arte, seja pela sua existência, lhe proporciona a dádiva de uma
certeza. “
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