João Alfaro
“Sonho meu”, 2014
Pintura sobre tela de
80x120 cm
Não há nada a fazer. Serei sempre
assim. Já não tenho idade para mudar, porque preciso do sonho para acreditar,
mesmo não acreditando. De tanto sonhar, paradoxalmente, o tempo passou sem
sonhos, nem ilusões, num contraditório modo de ser e estar, porque os pés
sempre estiveram assentes no chão, e os sonhos foram e são apenas momentos, nas
viagens que o arrastar do pensamento conduz. De tanto crer e descrer se faz um
caminho que acaba por traduzir o procurado, com muita ilusão e fantasia, que é
a base sólida para continuar a querer fazer mais e mais, neste labiríntico
processo de andar entre os pingos da chuva, num conflito em que a razão é a
parte menor de tanta dúvida.
E com medos percorro as etapas,
num saboroso saber ficar com as armas que tenho, que me deixam feliz por julgar
saber como usufruir muito com o pouco que é tanto. E pinto tanto que quero mais
ainda, como se a solução e as dúvidas todas estivessem na junção das cores numa
tela, porque é assim que os meus sonhos acontecem e se realizam em prazerosos
momentos.
E vos deixo com as palavras de
Cesare Pavese, in “Mestiere di Vivere”:
“O louco tem inimigos. O sonhador
tem-se apenas a si próprio.”
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