João Alfaro
“Tânia”, 2014
Pintura sobre tela de
60x50 cm
Enquanto as burkas não chegam a
arte se exprime sem limites, aqui, mas um dia tudo pode mudar e, este modo de
olhar e ver o mundo será diferente, neste meu imaginário pensar sobre a mudança
dos tempos, porque se vencer o fundamentalismo, que tantos querem negar mesmo
perante todas as evidências, a vida será outra coisa qualquer, sem a música que
tanto gosto, nem a pintura que é uma paixão que trago comigo.
O medo está instalado quando se
olha para os números e para a evolução da mentalidade reinante. De tanto lutar
por ideais no pressuposto da justeza da condição humana, agora se assiste a
fenómenos de um retrocesso civilizacional, segundo um juízo de valor que
transporta consigo um secular viver.
Da abolição de múltiplas censuras, se chegou
ao patamar da naturalidade do ver, saborear e conviver com o corpo, forma
expressiva tão latente na arte ocidental, onde a nudez é um modo de relatar a
verdade do estar e que agora tenho procurado ilustrar, porque sou um ocidental
que gosta de viver aqui, sem censuras, distante dos mexericos mas, sobretudo,
longe das burkas e de tudo o que elas significam.
E vos deixo com as palavras de
Fernando Pessoa, in “Livro do Desassossego”:
"Por mais que dispamos o que vestimos,
nunca chegamos à nudez, pois a nudez é um fenómeno da alma."
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