João Alfaro
“Jéssica”, 2014
Pintura sobre tela,
80X80 cm
Confesso que detesto esperar. O
tempo para mim é um valor incomensurável, porque ele não se repete, nem volta
para trás. Eu, com o passar dos anos e com mais consciência de que os dias devem
ser aproveitados ao máximo, para a realização das tarefas julgadas necessárias e
oportunas, sem dar ao vento as horas do destino, procuro que cada instante seja
valorizado e, por isso, não me dou bem com quem me faz esperar ou não cumpre
com o prometido horário pré-estabelecido. Há tanto onde consumir o escasso tempo, sem o
perder na insignificância da espera, que me basto: com os meus livros, a minha música, a
pintura, os amigos certos e a minha esperança.
“Jéssica” é uma pintura de um
tempo. De alguém que tem a beleza e o encanto da juventude, mas que vai ficando
diferente a cada segundo, como todos os demais; no entanto, porque os caminhos
da presunção são o que são, se deseja que a caminhada seja longa na procura e
no encontro. Agora, fixada a imagem de um momento, há toda uma história para
contar, que os dizeres irão enriquecer com as verdades e a fantasia. Amanhã
outro trabalho me aguarda, para ilustrar o que os dias me deixam relatar, e
espero não desperdiçar cada instante vivido, porque julgo ter tanto ainda por
contar picturalmente, mesmo que sejam apenas ilusórios devaneios cromáticos.
E vos deixo com as palavras de Guimarães
Rosa:
"Esperar é reconhecer-se
incompleto."
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