A arte é sempre a expressão do
seu tempo, porque faz uso da tecnologia em que se afirma e do pensamento
reinante da época vigente. Esporadicamente há episódios que, pela perturbação social do
instante vivido, provocam inevitavelmente uma orientação diferente no sentir e no significado do estar em sociedade.
Depois, passado esse período, escasso ou mais prolongado, tudo volta à
normalidade. Falo assim pela tragédia que está bem patente em todos e que
brevemente só raramente será recordada. A verdade é que, enquanto continuava a
fazer o mesmo de sempre na temática pictórica que agora me seduz, não me sentia
enquadrado com o estado de espírito chocante de todos. Foram dias e ainda são
de inquietude, porque a fatalidade mesmo longe é fatalidade, quer seja com
gente que nos é próxima, ou com outros que apenas sabemos que o azar na roleta da
existência bateu à porta, fazendo com que não nos esqueçamos da
fragilidade da existência e da brevidade deste caminhar, que pode a qualquer
instante ruir definitivamente.
Agora ainda não reúno as
condições para pintar como tanto gosto de fazer, porque há um mar para me
distrair e apoquentar, por isso prefiro fazer esboços que são, afinal, estudos
prévios e formas continuadas de estar sempre, sempre e sempre a trabalhar.
Talvez brevemente consiga circular de um lado para o outro e pintar, por agora
não posso e os desenhos, como recurso,
aparecem todos os dias, não tendo, portanto, nenhum tempo morto, nesta minha existência em que a arte é a minha seiva. Felizmente.
E vos deixo com as palavras do
escritor e cientista americano do século XVII Benjamim Franklin que um dia disse:
“ Seja cortês com todos, sociável
com muitos, íntimo de poucos, amigo de um e inimigo de nenhum.”
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