Houve um tempo antes do livro em
papel, digamos. Há agora uma realidade social que vive sem eles, os livros,
claro. Dois mundos distintos. A magia que a simbologia transmitida pela
elegância cultural tinha inerente, deu lugar ao vazio das estantes, sem o
vislumbre dos grandes nomes que construiram um edificado de ideias. Era mágico
publicar um manual. Depois tantos, sem saberem juntar as palavras, começaram
a editar em nome de outros. A informática fez o resto. Da necessidade de
saborear as páginas e de sentir o cheiro, a textura e o grafismo, se deu lugar
à velocidade de consumir, de um outro modo, a transmissão de ideias. Mas há
quem resista, uns porque ainda não compreenderam o presente, outros porque se
acham merecedores de ultrapassar o inevitável. Eu que nada sei, só sei que vivo
de recordações. Saudáveis com os livros por perto.
Pediram-me para ilustrar, mais
uma vez, um livro. Gosto de ser prestável, embora não acredite no milagre dos
peixes, nem em outros milagres, melhor dizendo: não há milagres. Ponto. Mas não
sei dizer não (uma das minhas fraquezas...). E fiz (ainda estou a fazer, melhor
dizendo), porque não consigo me desligar do que acredito, mesmo contra ventos e
marés. Talvez um dia nos escaparates mais um livro em que ajudei, este sobre a
cruzada dos mistérios religiosos, eu que sou agnóstico..., mas um livro é um
livro.
E vos deixo com as palavras do
padre António Vieira, que viveu no século XVII, e que um dia disse:
“ O livro é um mundo que fala, um surdo que responde, um cego que guia,
um morto que vive.”
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