Escolhi esta tela como imagem de
referência da próxima exposição de pintura que vou realizar, a partir do dia 1 de Julho, em Tomar, na Casa dos Cubos.
Pinto, agora, a beleza feminina, tentando captar os momentos mágicos e
solitários da magia que define cada um e, essencialmente, em momentos especiais,
que são muitas vezes tão banais, mas carregados de simbolismo e, sobretudo,
daqueles gestos únicos que gostamos tanto... ou, por causa deles, nos afastamos
para sempre. Mas isso são outras histórias de vida, que a arte capta ou deveria
destacar para questionar, porque é esse o seu papel, mas os tempos são
outros, neste meu olhar.
Cada época tem os interesses
maiores, que não são, de modo nenhum, os mais significativos e primordiais.
Nada, ou quase nada, é como gostaríamos, porque o sentido crítico ou a postura
negativista do estar transforma o bom em mau, o óptimo em execrável. É a falta
de memória e o dizer mal de tudo como se
o sol fosse quente e radioso no inverno ou vice-versa. Nunca se está no sítio
certo, na hora correcta e na plenitude do gostar.
É esta angústia, este eterno
maldizer, este esconder e deixar a nu tanto oportunismo e inconsistência que
arte procura levantar questões, mas os tempos são outros, porque sempre serão
de insatisfação no mosaico heterogéneo de interesses e valores. Eu apenas me
revelo no gostar da beleza que a mulher dá na pureza dos
momentos mais simples e, provavelmente, mais sentidos e belos do ser e estar.
E vos deixo com as palavras do
poeta e novelista russo Boris Pasternak que escreveu o livro “Doutor. Jivago” que
li na minha adolescência e me fez olhar o mundo de um outro modo:
“A arte serve a beleza, e a
beleza é a felicidade de possuir uma forma, e a forma é a chave orgânica da
existência; tudo o que vive deve possuir uma forma para poder existir, e,
portanto, a arte, mesmo a trágica, conta a felicidade da existência.”
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