João Alfaro, 2015
Prendas de Natal
O Natal está a chegar. Todos os
anos esta quadra é um mar de esperança: uns convictos, outros nem tanto. Há que
acreditar e continuar naquilo que nos move, mesmo que, aparentemente, tudo
indique que o sonho acabou. De sonhares se fazem os dias e se constroem os
desejos. Realizáveis ou não a vida passa. As memórias ficam. E do que me lembro
é esta persistência em continuar, mesmo que por caminhos solitários e em túneis
sem luz, mas eu sou assim: vou por aí, continuamente.
Mais uma exposição a acabar. O
trabalho foi imenso. A entrega quase absoluta. O resultado: o costume. Não
espero nada de novo. Em lado nenhum. Surpreso fico quando no marasmo chega a
esperança e a luz dos meus olhos. Depois tudo fica igual ao mesmo de sempre. Amanhã
é outro dia. Com mais memórias, alegrias e lembranças que o tempo não esquece.
Por aquilo que não fui capaz me penitencio, mas a realidade é a possível e não
a sonhada. Haverá, provavelmente, outras exposições, todavia o expectável é o
habitual. Nada vai mudar, porque deixei de me mudar. É o fim da linha. Da
minha, claro.
E, vos deixo com as palavras do
escritor, autor, ensaísta, poeta e naturalista americano do século XIX Henry
David Thoreau, que um dia disse:
“Se os homens se detivessem a observar apenas as realidades, e não se
permitissem ser enganados, a vida, comparada com as coisas que conhecemos,
seria como um conto de fadas ou as histórias das Mil e Uma Noites.”
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