João Alfaro, 2015
Desenhos sobre papel
Canson
Quando o calor se vai chegam os
dias cinzentos e a atmosfera do sentimento transforma-se. Gosto de ver pessoas
e cores e movimento e vozes e desejos. E tantas outras coisas. Mas a chuva vem e tudo fica diferente: as
pessoas fogem, o cinzento domina, e a solidão conquista espaço e tempo. Na
rotina dos dias procuro sempre adquirir um brilho e, por isso, o meu trabalho
pictórico é uma procura permanente, numa aliciante descoberta que me
abraça na vontade de continuar crente em imaginários, enquanto a tormenta
acontece, com o deixar de ir por aí ,e, ficar na rotina...
Mesmo que tudo seja igual, há o
meu olhar que é só meu, e que procuro, através da pintura, deixar um registo da
banalidade que é, também, encantador e sublime quando um homem olha para uma
mulher e vê quanta é bela a presença feminina, nos gestos mais supérfluos do
correr dos dias, nos momentos banais ou enfatizados.
Agora a preparar uma nova
exposição em que a dominante temática é a representação feminina, sobretudo,
através da expressividade gestual nos episódios rotineiros que,
relatam posturas íntimas do viver, e que eu transformo em pintura e em desenho.
E vos deixo com as palavras ditas no século XVII num sermão
pelo padre António Vieira:
“Não há coisa tão
preciosa, e tão útil, que continuada não enfade.”
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