segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Dois mundos

 
 
 
 
 
 
 
João Alfaro
“Mãe Natureza”, 2015
Pintura sobre tela de 100x100 cm
 
 
Nesta fobia de querer usufruir dos prazeres possíveis, faço da pintura o meio que me transporta para a magia da criação, com os encantos e os sentimentos que o trabalho pictórico só ele me dá, neste caminhar onde sou senhor e dono, sem as interferências e as oposições dos outros. Os dias tornam-se curtos e as horas galopantes, sem que me canse das tarefas que me alimentam e me seduzem, num jogo em que o objetivo é ver beleza pela amálgama de cores, de formas, texturas, sombras e luzes.
 
Eu bem queria viver num limbo onde as notícias más não chegassem, nem as tormentas fossem mais que muitas. Mas sou um cidadão do mundo e o que vejo me deixa inquieto. Construí um imaginário social com regras em que a arte é um espaço infinito de liberdade, mas vejo que há quem assim não queira. Irei por aí, pelas rotas infinitas, enquanto me deixarem dizer quanto é belo o amor e a natureza humana, vistos pela paleta de um pintor. Sei também que há outro mundo, cheio de gente e de ideias que me assustam. Bem gostaria de dizer bem alto: “Por aí não. Nunca”, mas sei, infelizmente, que os anjinhos povoam a cabeça de muito utopista decisório. E o futuro me ensombrece. Infelizmente.
 
“Mãe Natureza” é uma pintura narrativa de um tempo: o meu.
 
E vos deixo com as palavras de Ferreira Vergílio:
 
“Ingenuidade é um modo de se ser inocente. Infantilismo é um modo de se ser idiota. Faz a sua diferença. “
 
 


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