João Alfaro
“Mãe Natureza”, 2015
Pintura sobre tela de
100x100 cm
Nesta fobia de querer usufruir
dos prazeres possíveis, faço da pintura o meio que me transporta para a magia
da criação, com os encantos e os sentimentos que o trabalho pictórico só ele me
dá, neste caminhar onde sou senhor e dono, sem as interferências e as oposições
dos outros. Os dias tornam-se curtos e as horas galopantes, sem que me canse
das tarefas que me alimentam e me seduzem, num jogo em que o objetivo é ver beleza
pela amálgama de cores, de formas, texturas, sombras e luzes.
Eu bem queria viver num limbo
onde as notícias más não chegassem, nem as tormentas fossem mais que muitas. Mas
sou um cidadão do mundo e o que vejo me deixa inquieto. Construí um imaginário
social com regras em que a arte é um espaço infinito de liberdade, mas vejo que
há quem assim não queira. Irei por aí, pelas rotas infinitas, enquanto me
deixarem dizer quanto é belo o amor e a natureza humana, vistos pela paleta de
um pintor. Sei também que há outro mundo, cheio de gente e de ideias que me
assustam. Bem gostaria de dizer bem alto: “Por aí não. Nunca”, mas sei,
infelizmente, que os anjinhos povoam a cabeça de muito utopista decisório. E o
futuro me ensombrece. Infelizmente.
“Mãe Natureza” é uma pintura
narrativa de um tempo: o meu.
E vos deixo com as palavras de Ferreira
Vergílio:
“Ingenuidade é um modo de se ser
inocente. Infantilismo é um modo de se ser idiota. Faz a sua diferença. “
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