Quando as palavras se cansam de
dizer o mesmo, as conversas deixam de fazer sentido e o fim do dialogar é a
solução final, embora o terminar seja um lancinante modo de dizer adeus. Mas,
entre o vazio do conversar e o querer comunicar, há uma distância oceânica, que
o tempo faz justiça.
Hoje, por convite de um amigo de
longa data, vou estar num breve encontro de pessoas que fazem do prazer
pictórico uma entrega pelo devaneio e pela fantasia da criação. Entre os sonhos
do gostar de fazer bem e o resultado, a distância é medida, quase sempre, pela
dimensão estelar da incapacidade de atingir o pretendido, mas o pior é nada
fazer para contrariar as montanhas herculanas e, por isso, tanto esforço é o
melhor caminho para tentar vencer, mesmo quando não só as palavras se cansam,
mas também o tempo se esgota e a crença esmorece. O melhor mesmo é nunca
desistir, mesmo que tudo aparentemente seja negro, porque há, sempre, dias
radiosos.
Pintar é, sobretudo, um estar: tudo
se silencia; tudo fica imóvel; tudo deixa de ser real para se passar para outra
dimensão, que é a razão principal para tanta entrega de tantos. E é o que vou
dizer nesta tertúlia, onde o descrever do tempo a pintar, se traduz num passeio
pelas memórias que são recordações do estar.
E vos deixo com as palavras de Simônides
de Ceos, citado em Plutarco, in “Obras Morais, a glória dos atenienses”:
"A pintura é poesia
silenciosa, a poesia é pintura que fala."
Sem comentários:
Enviar um comentário