João Alfaro
Pinturas em tela a
expor no Centro Cultural Mário Viegas em Santarém no mês de Maio
Nas noites longas há muita conversa,
riso com fartura, música, cantares desafinados e os sabores gastronómicos da
ocasião são a norma, nos pontos de encontro. De tanto dizer, entre os convivas,
o que importa sempre não é o conteúdo do que se descreve nas palavras perdidas,
porque o que conta, em momentos especiais, é apenas a companhia e a razão do
encontro. À volta da mesa se acham os predicados todos para os diálogos sem
fim, que se esquecem com facilidade, muitas vezes, mas que deixam a ilustração
do momento e o seu significado. Como é bom partilhar ocasiões simbólicas que
valem tanto, tanto, que muito do dorido se esvai, enquanto dura a festa dos
instantes.
Nos diálogos privados a conversa
adquire outro estatuto, quando o interesse é a proximidade dos afetos, porque cada
palavra é carregada de intenção e, todos os pormenores posturais adquirem
conotações, que definem o caminho ou o seu termo. Com muita gente ou na sombra
tudo roda no mesmo sentido, pois é apenas a companhia de alguém que se deseja,
no diálogo enriquecido com muito palavreado ou, apenas, a sugestão gestual.
Porque a pintura é um retrato de
um sentir e a expressão do olhar envolvente, o que faço é registar os que me
são próximos, como na temática destas duas telas, onde
procuro sugerir os muitos diálogos do relacionamento social.
E termino recordando as palavras
de Jean Jacques Rousseau que disse um dia:
"Os homens a quem se fala
não são aqueles com quem se conversa."
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