sábado, 15 de março de 2014

Diálogos sem fim

 
 



João Alfaro



Pinturas em tela a expor no Centro Cultural Mário Viegas em Santarém no mês de Maio

 

 

Nas noites longas há muita conversa, riso com fartura, música, cantares desafinados e os sabores gastronómicos da ocasião são a norma, nos pontos de encontro. De tanto dizer, entre os convivas, o que importa sempre não é o conteúdo do que se descreve nas palavras perdidas, porque o que conta, em momentos especiais, é apenas a companhia e a razão do encontro. À volta da mesa se acham os predicados todos para os diálogos sem fim, que se esquecem com facilidade, muitas vezes, mas que deixam a ilustração do momento e o seu significado. Como é bom partilhar ocasiões simbólicas que valem tanto, tanto, que muito do dorido se esvai, enquanto dura a festa dos instantes.

 

 

 

Nos diálogos privados a conversa adquire outro estatuto, quando o interesse é a proximidade dos afetos, porque cada palavra é carregada de intenção e, todos os pormenores posturais adquirem conotações, que definem o caminho ou o seu termo. Com muita gente ou na sombra tudo roda no mesmo sentido, pois é apenas a companhia de alguém que se deseja, no diálogo enriquecido com muito palavreado ou, apenas, a sugestão gestual.

 

 

Porque a pintura é um retrato de um sentir e a expressão do olhar envolvente, o que faço é registar os que me são próximos, como na temática destas duas telas, onde procuro sugerir os muitos diálogos do relacionamento social.

 

 

 

 

E termino recordando as palavras de Jean Jacques Rousseau que disse um dia:

 

"Os homens a quem se fala não são aqueles com quem se conversa."

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