"Olhar", 2013
Pintura sobre tela
Mas. Mas lá vamos nós rumo a
Lisboa para mais uma jornada ritual. De carro, entre conversas de tudo e de
coisa nenhuma, o que queremos é conviver e transformar aquelas horas num festim
de fantasia e de ilusão, esquecendo a crise social e todos os males do mundo.
Chegados ao Centro Comercial do costume,
onde nos espera a observância dos encantos, das lojas de relógios, dos livros
e, naturalmente, do melhor que Deus criou. Depois é o restaurante, o mesmo, e
entre frases feitas e sabores da Serra da Estrela, a noite do espetáculo
espera por nós. Umas vezes tudo corre bem, outras nem tanto. Fica sempre o
salutar convívio que é coisa rara nos dias de hoje. E da amizade em especial. Outros
eventos terão lugar num futuro breve. E tudo acaba num fogo-fátuo. Até os
momentos bons. Sobretudo estes.
Mas do que eu gosto mesmo é de música.
Do belo canto. Da ópera. Quando as luzes se apagam, no teatro, e a cortina do
palco abre, mostrando toda a luminosidade, numa envolvência cromática e sonora,
tendo por base, quase sempre, um libreto onde a tragédia da vida e dos seus desencantados
amores predomina, a emoção é outra. E o encanto também. Aqui me sinto num outro
ambiente onde, em vez dos gritos, dos dislates e dos insultos pelos pontapés na
bola, se ouvem os cânticos dos sopranos ou dos baixos, numa harmonia que me
encandeia e me transporta pelo Olímpo. Mas aqui sou outro, sendo eu mesmo.
E vos deixo com as palavras de
Edward Forster:
“As emoções são intermináveis.
Quanto mais as exprimimos, mais maneiras temos de as exprimir.”
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