“Intimidade”, 2012
Pintura sobre tela
As normas são o que são. As
regras ou a falta delas definem um modo de ser e estar. O que é hoje certo aqui
é errado noutro lugar ou noutro tempo. Enfim, é o mundo que andamos a construir.
Com radicalismos e variantes. Infinitamente sempre assim.
A arte é a expressão da vida em
todos os momentos, quer eles sejam banais, singulares, privados ou outros. E
por retratar aquilo que somos nem sempre é aceite o olhar do artista. O
escândalo de hoje é a normalidade do amanhã pela identidade e pela
contextualização. O erotismo e a sexualidade ainda ferem as sensibilidades de
alguns, em ambientes insuspeitos, ou não fosse a moldura religiosa uma via de
conduta. De todos. Ou quase todos.
E, porque tudo tem uma
explicação, quando era aluno nas Belas-Artes lembro-me de confessar que gostava
mais de pintar a representação de pessoas vestidas. Para mim, enquanto pintor,
o interesse é unicamente estético. As vestes criam um leque variado de formas e
cores que exaltam a composição, em contraponto à simplicidade formal do corpo,
embora reconheça que o nu tem sido recorrente na arte de todos os tempos. Com
tabus e sem eles. Chegou o momento de voltar ao nu artístico. E esta é a
primeira tela de uma série que agora vou mostrar pontualmente, neste caos de
julgamentos éticos e de valores desencontrados.
E vos deixo com as palavras de António
Lobo Antunes, in Diário de Notícias (2004):
“É mais sensual uma mulher vestida do que uma mulher despida. A
sensualidade é o intervalo entre a luva e o começo da manga.”
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