“Fragmento”, 2012
Pintura sobre tela
Adoro ir ao cinema. O espaço, as
luzes e a magia expectável criam uma atmosfera do encantatório. A grandeza das
imagens, a visão fragmentada das mesmas, a sonoridade elevada e o espaço
confinado estimulam um outro olhar. Com a envolvência da ação a ficção se torna
real e vice-versa. A verdade e a ilusão - essência da arte – conquistam
multidões, embora aquilo que os nossos olhos observam é, sempre, apenas uma escolha
e um julgamento de valor, entre a imensidão visual. Como pintor, procuro criar
imagens que levantem questões, mesmo que sejam muito simples e, talvez por
isso, a minha pintura é, penso eu, algumas vezes um olhar cinematográfico.
Ao fragmentar, aqui nesta
pintura, uma parte da representação do corpo, sigo o caminho das imagens dos
filmes que me acompanham desde sempre. Aquilo que faço é apenas a resultante
deste caldo cultural de posturas que visam princípios e valores que mudam. O
mesmo torna-se diferente se observado de um outro modo. A arte é uma constante
das mesmas questões vistas num outro prisma: novos recursos e novas
oportunidades geram obras diferentes sobre as dúvidas existenciais de sempre. Tudo
muda nos considerandos. Até o que pensamos do corpo. Do nosso e, também, do
corpo dos outros.
E vos deixo com as palavras de William
Shakespeare:
“O meu corpo é um jardim, a minha vontade o seu jardineiro.”
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