"Passam no teu olhar nobres cortejos,
Frotas, pendões ao vento sobranceiros,
Lindos versos de antigos romanceiros,
Céus do Oriente, em brasa, como beijos,
Mares onde não cabem teus desejos;
Passam no teu olhar mundos inteiros,
Todo um povo de heróis e marinheiros,
Lanças nuas em rútilos lampejos;
Passam lendas e sonhos e milagres!
Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres,
Em centelhas de crença e de certeza!
E ao sentir-se tão grande, ao ver-te assim,
Amor, julgo trazer dentro de mim
Um pedaço da terra portuguesa!"
Frotas, pendões ao vento sobranceiros,
Lindos versos de antigos romanceiros,
Céus do Oriente, em brasa, como beijos,
Mares onde não cabem teus desejos;
Passam no teu olhar mundos inteiros,
Todo um povo de heróis e marinheiros,
Lanças nuas em rútilos lampejos;
Passam lendas e sonhos e milagres!
Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres,
Em centelhas de crença e de certeza!
E ao sentir-se tão grande, ao ver-te assim,
Amor, julgo trazer dentro de mim
Um pedaço da terra portuguesa!"
"O Teu Olhar" de Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"
Esta pintura "Espelho Meu" em tela de 60x60 cm procura ilustrar um olhar sobre nós próprios numa busca pela identidade e pela aparência física. Quantas interrogações? Quantos discursos? Quantos olhares trocados tiveram como palco o espelho?
Porque o espelho carrega consigo uma simbologia que nos remete para imaginários múltiplos; porque o nosso olhar (perante o espelho) é um confronto com aquilo que somos enquanto matéria; porque a imagem refletida é apenas a aparência daquilo que representamos, pintar este tema é, sempre, uma viagem em que os valores plásticos se cruzam com as teorias do eu. Quem somos? Donde viemos? Para onde vamos?
Porque entendo que a pintura é, sobretudo, uma análise da vida, dos seus interesses e dos significados que comporta este viver social das muitas certezas e das infinitas dúvidas, tenho como objetivo, em cada trabalho que faço, interrogar-me e colocar, nos outros, labirínticos caminhos de descoberta e de procura. História da Minha Pintura.
E vos deixo com as palavras de François La Rochefoucauld, in “Máximas”, que disse um dia:
“Por vezes, somos tão diferentes de nós mesmos como dos outros.”
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