Como acontece, quase sempre, depois
de uma exposição terminar, as obras voltam ao seu lugar de excelência: o
ateliê do artista. É sempre assim com todos. Há um fazer, um produzir constante
de obras que acabam num qualquer espaço esquecido e cheio de pó. De muito pó e
de muito esquecimento. É nas artes plásticas, na literatura, na música, é, enfim, nas
artes todas. Há muita concepção e tão pouca repartição, mas verdade seja dita:
faz-se muito e muito também de qualidade mais que duvidosa. É natural que, pela
imensidão da produção de tantas coisas díspares, não há hoje, nem nunca haverá,
razões para a fruição massiva do trabalho artístico.
Há produções culturais que
envolvem tantas figuras e tanto empenho, mas que não conseguem atrair públicos,
apesar de tanta paixão e de um interesse genuíno na procura do belo e da
excelência, razões supremas na arte, todavia há sempre uma magia envolvente que
embriaga os mentores, para continuarem na senda da procura dos valores julgados
necessários, para que faça sentido viver com uma atmosfera de interrogações,
sobre os conceitos e as procuras do maravilhoso e do fantástico.
Eu só quero produzir, fazer,
acordar todos os dias querendo conceber mais. O que me fascina agora é este
embriagado desejo de estar sempre a trabalhar, numa envolvência de prazeres tão
simples e tão grandiosos: música, pintura, literatura. Com gente boa por perto, obviamente.
Longe vão os tempos onde produzia
e sabia que havia procura e mais procura sobre o que fazia. Agora apenas posso
consumir o meu tempo pintando. E mais não quero. Agora em Lisboa decorre a Web Summit, um evento, tanto quanto sei, em que se conferencia sobre os melhores processos de divulgar e vender, sejam eles sonhos ou compadrios, para que os produtos não regressem a casa....
E vos deixo com as palavras do
escritor francês que viveu no século XIX e XX Émile Zola que um dia escreveu, in “Os Meus Ódios”:
“ Uma obra de arte é um canto da criação visto através de um
temperamento.”
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