Quando o dia nasce e a luz invade
os meus espaços, preenchendo os recantos sombrios e dando cor ao que me cerca,
sinto-me sempre um privilegiado pela contemplação e por mais um dia que vai
começar. Há em mim um querer em realizar e viver na crista da onda, como se
fosse o centro do universo, mesmo sabendo que nada sou, nem nada quero ser,
apenas desejo tirar o máximo partido de tudo o que me envolve, como a luz ao
nascer do dia.
Sou madrugador, porque preciso de
aproveitar todos os momentos de sol quando o objetivo primeiro é pintar. Não
gosto da luz artificial quando as tintas e os pincéis esperam por mim, embora, agora, com as lâmpadas Led tudo ficou diferente, para melhor, diga-se. O meu
ateliê é sempre um mar de luz, de música e de muitas telas, pelos cantos todos.
E é neste ambiente que gosto de trabalhar, desejando novas a todo o instante,
ou não fosse a vida um esperar de luz. De muita luz.
Gosto de olhar o céu e de me deixar
envolver pelo azul celeste, nas divagações dos pensamentos perdidos, embora as
muitas cores das nuvens me fascinem também, sobretudo, depois de ter olhado com
olhos de ver para uma tela de Turner e, de ter descoberto quanto é belo a tormenta na paleta de um grande mestre mas, definitivamente, é a luz e o céu limpo que me enchem a alma e me pedem para pintar.
E vos deixo com as palavras do
mais universal poeta português - Fernando Pessoa - que um dia
escreveu em 1932:
“Não quero ir onde não há a luz.....”
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