João Alfaro
"Tatuagens", 2016
Galeria Municipal do Entroncamento
de 22 de outubro a 3 de novembro
Confesso que não sou apreciador de modas. Compreendo da necessidade de mudar atitudes, hábitos e comportamentos, para que alguma coisa fique diferente, no passar dos dias. Agora é muito vulgar ver pessoas tatuadas. Os velhos porque são velhos não querem que o seu corpo fique diferente, depois de uma aparência física com as características usuais, no entanto, a geração mais nova – agora – tem um fascínio pela tatuagem. Eu não. Mas a minha exposição é sobre tatuagens no corpo feminino. Um pintor é um cidadão do mundo, um observador do meio, dos desejos, ambições e, por isso mesmo, não resisti e pintei corpos nus com tatuagens vulgarizadas nos dias de hoje.
A moda é efémera, mas um corte na pele e a impregnação de tintas é para sempre, por isso a tatuagem – fenómeno de moda – irá ser um conflito de gostos com o passar do tempo, naqueles que se deixaram tatuar na abundância. Desde sempre o corpo foi tatuado como identificação de um grupo, de uma tribo, de um conjunto com um propósito único. Agora, penso que muito inconscientemente, demasiados se deixam tatuar sem saberem bem o porquê e para quê.
Eu procurei, todavia, mostrar corpos tatuados na essência mínima para que os mesmos sejam ainda um vislumbre de encantos, e por isso, quase invisíveis as tatuagens nos corpos por mim pintados. Foi mais um tema no meu caminhar pictórico, onde a mulher é a referência, e como sempre em poses de grande sobriedade.
E vos deixo com as palavras de Jean Cocteau, autor e realizador francês do século XX, que um dia disse :
“A moda morre nova. É isso que torna grave a sua leviandade”.
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