segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Recomeçar hoje e sempre

 
 
 

 
 
 
"Uniqua"
 
Pintura em execução: 1º dia.
 
 
 
 

 

Depois da pausa, é preciso recomeçar. É mais do mesmo neste mundo, no entanto, as guerras não acabam, os conflitos pessoais são comuns e as dúvidas eternas. Só me resta pintar, mesmo sabendo que se repete o caminho, porque tudo é, afinal, um palco de desavenças, de lutas intestinas e de interrogações sobre os valores e o objetivo supremo do existir. Agora sem ilusões, nem expectativas sublimadas, os dias arrastam-se na procura e sempre na procura, do outro lado, onde não estão presentes, aparentemente, os males de sempre. E, por isso pinto e pinto, sem que haja outro interesse senão o saber gostar do gostar de pintar. E isso me basta no preenchimento do tempo e do modo.

 

 

 

Tanto cantar e vozes sublimes; tanta escrita e contos fantásticos; tanta cinematografia e tanto imaginar; tanto de tanto e a arte repetindo as inquietações e dúvidas, com armas novas ou com os meios parcos, onde cada um procura ser singular, mesmo repetindo no tempo e no espaço as questões angustiantes de sempre. Um Picasso é único; a voz da Callas inconfundível; o Pessoa um oceano de luz e muitíssimos outros nos esmagam com a verdade e o pulsar. É neste quadro de imensidão que o meu trabalho se desenvolve, querendo abarcar as grandes questões do eu, no silêncio e no solitário caminhar, em que o recomeçar é uma constante e uma obrigação.

 

 

 

 

E, vos deixo com as palavras do escritor francês Valéry Larbaud, nascido em 1881 e falecido em 1957, que um dia disse:

 

 

“A arte é ainda a única forma suportável da vida; é o maior prazer, e o que se esgota menos depressa.”


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