Exposição da Entroncartes, Associação de Artistas
É o tempo do aparecer. Do mostrar. Da verdade ou da hipocrisia. Do estar. De uns e de outros. Confesso que cada mais detesto aparecer, por muito frágil e apagada que seja a luz da ribalta, porque o meu viver é, agora, tão curto que cada instante só merece ter um fim justificável, que seja consentâneo com os interesses das artes plásticas, a razão maior para aparecer aqui ou ali.
O que move e desperta interesse, nos dias de hoje, por todo o lado, é um ou outro evento mobilizador, bem distante daquilo que faço e que tanto me apaixona. Confesso (aqui me confesso muitas vezes), a pintura é um grandiloquente percurso de estar e viver, tão afastado do que aproxima as multidões, todavia, pouco me importa, embora seja amargurante, depois de tanta entrega e de tanto trabalho, constatar que o resultado final é quase sempre o mesmo: um sentimento de vazio.
E vos deixo com as palavras de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, in “Poemas” que um dia disse:
“Vale a Pena Sentir para ao Menos Deixar de Sentir”
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