Há sempre uma primeira imagem de
um lugar, de um acontecimento, de um instante, de alguém que nos marca. Desse
primeiro olhar há, logo, um julgamento subjetivo, que vale o que vale, na
precipitação da caracterização do momento. Depois, numa análise mais serena e
com o acumular de informação, a primeira impressão pode ser enganadora ou não. Mas
o primeiro momento tem a carga emotiva quando se espera, quando se anseia por
esse instante. Com o tempo essa primeira impressão fica mais duvidosa, com a
nebulosidade da memória, mas não deixa de ser encantatório recordar, tantos e
tantos primeiros instantes.
Numa resenha histórica tenho
tanto para contar aos meus pensamentos. Da infância guardo alguns, da adolescência
outros tantos, da vida adulta alguns mais e, chegados aqui, a réstia de
esperança continua, com a crença que há sempre um amanhã que nos demonstre
valer a pena acreditar. Questiono muito o sentido dos dias, que significa apenas dizer para
onde vamos. E o porquê. Em adolescente lembro-me do título de uma pintura de
Gauguin: “ Donde viemos? Quem somos? Para onde vamos?”. É uma afirmação que me
persegue, porque resume todo o significado da razão da existência. Como pintor –
que é aquilo que eu sou e mais nada – procuro ilustrar um tempo, mas sobretudo
um modo e as muitas dúvidas, mesmo depois da primeira imagem.
E vos deixo com as palavras de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando
Pessoa:
“Sempre que Penso uma Coisa, Traio-a.”
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