João Alfaro
“Márcia”, 2013
Pintura sobre tela de 120x100cm
O que eu gostava mesmo é de viver
diferentemente. Gosto do mar, e vivo longe dele. Preciso do seu ambiente, e
apenas tenho por companhia o arvoredo circundante, bem distante da marina e do
cântico das ondas. Gosto das cidades com
gente, e vivo neste pacato reduto campestre, que me serve de aconchego, vendo
os solitários de sempre, nas ruas esvaziadas que me cercam. Gosto dos
espetáculos de palco, e estou longe dos teatros. Os eventos operáticos apenas os vejo uma ou
duas vezes no ano, embora façam parte constante das audições musicais de todos
os dias.Gosto de muitas outras coisas que não posso ter, nem viver, todavia,
pensando bem, sou um sortudo: tenho, não sei onde, nem porque razão, encontros constantes
com as divindades celestiais, porque tanto do que vivo é pureza de sentimentos
e de beleza.
E vos deixo com as palavras de Camilo
Castelo Branco que disse um dia:
“Viver é ansiar a felicidade possível e a impossível.”
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