João Alfaro
“Rati”, 2013
Pintura sobre tela, 80x80 cm
São só três ou quatro: os
amigos-amigos; os momentos únicos; as festas felizes; as viagens inesquecíveis;
as saudáveis loucuras. Do tanto se reduz a tão pouco. Todos os dias as mil e
muitas tarefas rotineiras preenchem o tempo, e, incapacitam os desejos maiores.
Do muito expectável apenas se memorizam, pela singularidade, poucos eventos e
escassas parcerias dos afetos. De quando em vez, em situações ímpares – pelas
melhores razões ou não – os amigos surgem em catadupa e a hecatombe dos
acontecimentos sobressai da vulgaridade. Os dias se tornam, no imediato,
indefinidos. Depois volta tudo ao normal. Ou quase. Feitas as contas de uma
vida de encontros e desencontros, quando um homem se põe a pensar, restam,
apenas e só, três ou quatro referências que nos consolam e nos identificam.
Três ou quatro. Somente. E não mais.
De uma vida de trabalho elevam-se
pouquíssimas obras na produção de qualquer artista, embora, todas elas, ao
serem concebidas partem sempre do propósito da originalidade e da grandeza que
se pretende. Depois, porque o engenho e a arte raramente combinam, a menoridade
das peças é a norma. Só ficam para memória futura três ou quatro obras. E nada
mais.
“Rati” a deusa do erótico,
segundo a mitologia hindu, procura ser uma pintura onde a representação da
fantasia e do desejo se combinam num jogo de procuras, neste meu caminho em
busca da arte que me envolve, como se o mundo fosse, quase e só, um mar de expressões
cromáticas. E há tanto mar...
E vos deixo com as palavras de Émile
Zola, in “Os Meus Ódios”:
“Uma obra de arte é um canto da criação visto através de um
temperamento.”
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